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Victor Marques Feb 2012
Á procura de um olhar sobre minhas vinhas

Na fogueira do rosmaninho sem aroma,
Nele o teu olhar se agita,
Olhar ganhando forma,
Sem ser explicita.

Esse teu olhar sem contrapartida,
Parece uma longa vida,
Peculiar e sem ter motivo,
Porto seguro com abrigo.


Pendulo de eterna censura,
Ai olhar que procura,
Nobre e entrelinhas,
Olhar sobre minhas vinhas.


Victor Marques
goldenhair May 2013
não sinto, sou poeta que finge
as mulheres que amo
vieram de copos de uísque
sobre a madeira dos móveis
cegos na madrugada.

não sinto, já sou anestesiado
fui ultrajado pelo amor
e a sorte já não me quer mais.
agora sou amante das palavras
dos versos jogados à mesa de bar

já não mais sinto o doce da vida
o amargo de nicotina, é o que me restou
um uivo perdido à beira da calçada
cinzas num cinzeiro velho na estante da sala

estou coberto por cicatrizes invisíveis
bêbado largado nas entrelinhas de um poema sem rima
Rui Serra Mar 2014
Aproximação, silêncio total
Sangue, ****
Pesadelos nas ruas de néon
Extensos desertos
Um refúgio
Lá fora, o apelo da boémia
Um mar de asfalto
Não, não vou só
Uma garrafa de gin e um cigarro
Para apaziguar as dores
A escrita é meu refúgio
Minha alegria, minha dor
Vivo constantemente
Num ritmo alucinado
Estou só
Nas entrelinhas de cada frase
Está o corpo que as gerou
Num instante de lucidez
O perfume que hoje trago
É das lágrimas que por ti verto.
Mariana Seabra Mar 2022
Foi cedo na vida que o meu livro de mágoas se abriu.

                (Entendi-o desde nova pois senti-o.)

Um livro manchado pelo sangue da batalha,

Páginas carregadas de calafrios…

Ainda hoje me correm e ecoam no corpo.  

                 (O som do ferro ainda me causa insónias.)





E o abandono…

Esse sempre o meu maior medo,

Cortou-me como uma espada a vida toda.

             (Nunca o gritei…pelo menos em voz alta.)

Ferida, pelas entrelinhas o fui escrevendo.

             (Nunca com tinta…sempre mascarado na dor das palavras.)

Marcado em mim desde o início.

             (Nunca na pele…sempre uma ferida interna bem escondida
               na alma.)




A Morte…

Essa parece chegar rapidamente

Para as almas incompreendidas.

             (Mas calma, eu entendi.)

Choraste sem saber porquê…

Passaste e ninguém te viu…

Mas agora renasces com uma visão que eu sonhei.

E eu, que nunca te encontrei,

Vi-te encarnada em mim.



Quem me dera que tivesses vivido tempo suficiente, Florbela.

Só para que eu te tivesse desvendado o segredo da vida.



              (Neste mundo não eras a única que andava perdida.)

                           (O segredo é que andamos todos.)
Para uma das minhas poetisas preferidas, Florbela Espanca.
Mariana Seabra Mar 2022
Ó astro luminoso,

Que me guias aí do céu,

Imploro-te que grites cá para baixo

O sítio onde posso eu encontrar

O que de mim já se perdeu.



Mandas vento,

Mandas chuva,

Mandas raios

Na trovoada…

Mandas sol,

Mandas nuvens,

Mandas pássaros

Na alvorada…







Só não mandas o que me resta

Desta pobre alma destroçada.





Ó astro luminoso,

Quão perdida estou eu na Terra?

Ouço os teus gritos de desespero

Por este soldado mutilado

Que nem chegou a ir à guerra.

Sentiu o vento,

Sentiu a chuva,

Viu a luz

Pela fachada.

Sentiu quente,

Sentiu frio,

Viu o escuro

Que não acaba.





Só não viu nas entrelinhas

Que era a morte quem o chamava.
Mistico Mar 3
Hoje duvidei de mim mesmo,
das asas que carrego sem saber.
Questionei se minhas palavras voam,
se tocam almas ou se se perdem no vento.

Pensei em compartilhar meus versos,
essas páginas dispersas do meu ser,
com alguém que lê o mundo em silêncio,
e carrega a sabedoria nas entrelinhas da vida.

Minha irmã, tão distante e tão perto,
um farol de inteligência e lucidez,
que nunca mediu esforços para me erguer,
mesmo quando a maré quis me levar.

E agora, em um impulso insano,
quero entregar-lhe minhas loucuras,
esses rabiscos de minha alma inquieta,
essas estrelas soltas no cosmos do meu peito.

Ah, que mistério é essa espera!
Mostro-me calmo, respiro sereno,
mas dentro de mim, um vendaval,
um turbilhão prestes a se romper.

Meus versos são uma galáxia viva,
matéria escura ansiando por luz,
e eu imploro ao tempo que corra,
que me traga logo sua resposta.

Meu Deus, fala logo o que achaste!
Porque enquanto espero, sou mar em fúria,
sou tempestade contida na calmaria,
sou poeta aguardando seu próprio destino.

— The End —